Quem Eram os Fariseus na Bíblia? O Que Eles Ensinavam?

fariseus

Os fariseus eram membros de um grupo formado entre os judeus, cuja atuação é especialmente destacada no Novo Testamento devido à forte oposição ao ministério de Jesus Cristo. Eles constituíam um dos três principais segmentos entre os judeus, juntamente com os saduceus e os essênios.

O Significado de Fariseu

Determinar o significado exato do termo “fariseu” é desafiador. A interpretação mais provável sugere que o termo deriva do verbo hebraico “parash”, que significa “separar” ou “dividir”. Se essa interpretação estiver correta, “fariseu” pode ser traduzido como “povo separado” ou “os separatistas”.

Contudo, mesmo que esse seja o verdadeiro significado, não é possível afirmar com precisão a que tipo de “separação” se refere. Alguns acreditam que seja uma distinção das impurezas e dos costumes mundanos, enquanto outros sugerem que pode ter uma conotação mais histórica, como uma posição política.

A Origem dos Fariseus

A origem dos fariseus também é amplamente debatida. Existem diversas teorias, nenhuma das quais é completamente aceita. As principais hipóteses sobre o surgimento dos fariseus incluem:

  • Tempos de Esdras e Neemias: Os fariseus podem ter emergido durante esses períodos, sendo aqueles que rejeitavam os costumes pagãos adotados pelos judeus após o exílio na Babilônia.
  • Escribas e Observadores da Lei: Talvez tenham se originado entre os escribas que continuaram o trabalho de Esdras no estudo da Lei e entre aqueles que se dedicavam à sua estrita observância.
  • Opposição à Influência Helenista: Podem ter surgido em resposta à influência helenista e à adoção dos costumes gregos durante o governo de Antíoco Epifânio.
  • Pós-Reconquista do Templo: Existe a possibilidade de terem surgido logo após a reconquista do Templo, com a divisão entre os hasidins.

A teoria mais aceita é que os fariseus surgiram no período anterior à guerra dos macabeus, com o intuito de resistir e se opor aos costumes helenísticos através de uma observância rigorosa da Lei de Moisés. Assim, os hasidins, ou “piedosos”, teriam sido seus precursores.

Independentemente disso, os fariseus aparecem pela primeira vez com esse nome durante o governo de João Hircano, entre 135 e 105 a.C. Inicialmente, João Hircano pertencia ao partido dos fariseus, mas posteriormente se separou deles e passou a apoiar os saduceus.

Isso levou a uma espécie de perseguição aos fariseus, especialmente durante o reinado de Alexandre Janeu, filho de João Hircano. Contudo, a esposa de João Hircano acabou por favorecer os fariseus devido à grande influência que exerciam entre o povo.

Os Ensinamentos dos Fariseus

Os fariseus eram reconhecidos por sua rígida observância, não apenas da Lei escrita, mas também da tradição oral. Para eles, essa Lei oral, que segundo alegavam ter sido preservada por líderes importantes da sinagoga desde Esdras e, anteriormente, pelos profetas, anciãos, Josué e, finalmente, por Moisés, precisava ser seguida com rigor. Eles honravam essa tradição até mais do que a própria Lei escrita.

A doutrina farisaica enfatizava a soberania de Deus nos decretos divinos, a responsabilidade moral do ser humano, a imortalidade da alma, a existência dos espíritos e a ressurreição corporal. Também acreditavam na doutrina da retribuição, onde castigos e recompensas seriam reservados para a vida futura, de acordo com a conduta presente.

Além disso, davam máxima importância ao dízimo e à observância das leis sabáticas. Eram tão rigorosos na guarda do sábado que alguns afirmavam que, se uma pessoa estivesse com a garganta irritada no sábado, poderia engolir vinagre, mas não fazer gargarejos, pois isso seria considerado um tipo de trabalho.

Os Fariseus na Época de Jesus

Durante a época de Jesus, o partido dos fariseus aparentemente não incluía sacerdotes entre seus membros, sendo possivelmente composto majoritariamente por escribas. Nos Evangelhos, os fariseus são mencionados com destaque, principalmente de forma negativa.

Jesus criticou o farisaísmo em várias ocasiões devido à externalização da religião através da hipocrisia e do orgulho, que se manifestavam como exibicionismo e falsa santidade (Mateus 5:20; 16:6-12; 23:1-39; Lucas 18:9-14).

Apesar de acertarem em muitos aspectos de sua doutrina, os fariseus impunham ao povo uma carga de religiosidade que nem mesmo eram capazes de cumprir. Isso ocorria porque, na verdade, possuíam uma compreensão equivocada sobre a justificação pelas obras. A Parábola do Fariseu e do Publicano ilustra bem o erro dos fariseus (Lucas 18:9-14).

Por isso, Jesus chamou os fariseus de “sepulcros caiados” (Mateus 23:27) e filhos daqueles que mataram os profetas e os homens justos desde Abel até Zacarias (Mateus 23:29-36). Para Jesus, eles eram como cegos guiando outros cegos (Mateus 15:14; 23:13-15). Antes mesmo de Jesus, o profeta João Batista já havia repreendido os fariseus e os saduceus, chamando-os de “raça de víboras” (Mateus 3:7ss).

No entanto, alguns fariseus demonstravam certo respeito por Jesus (Lucas 7:36ss; 13:31ss). O exemplo mais conhecido é o do fariseu Nicodemos, que provavelmente se tornou seguidor de Jesus (João 3; 19:40). Em geral, porém, os fariseus tiveram um papel ativo na conspiração contra a vida de Jesus (Marcos 3:6; João 11:47-57).

O Talmude classifica os fariseus em diferentes categorias, distinguindo entre aqueles que exibiam falsa humildade e buscavam que suas boas obras fossem vistas pelos outros, e aqueles que demonstravam sinceridade no amor a Deus.

Além de Nicodemos, a Bíblia menciona outros membros notáveis desse grupo, como o mestre Gamaliel e o próprio Paulo de Tarso, antes de sua conversão ao cristianismo (Atos 23:6; 26:5-7; Filipenses 3:5). O importante historiador e escritor judeu Flávio Josefo também era um fariseu, e seus escritos fornecem informações valiosas sobre o farisaísmo.

Após a revolta contra Roma e a subsequente queda de Jerusalém em 70 d.C., grupos como os saduceus, essênios e zelotes desapareceram, e os fariseus passaram a representar a expressão máxima da religião judaica. Com o tempo, o farisaísmo tornou-se sinônimo do próprio judaísmo.

Referências Bíblicas

Nesta seção, apresentaremos algumas das principais passagens bíblicas mencionadas no artigo anterior sobre os fariseus. Essas referências ajudam a compreender melhor os ensinos, atitudes e confrontos entre os fariseus e Jesus, além de outros personagens bíblicos relevantes.

Mateus 5:20
Neste versículo, Jesus adverte que a justiça dos seus seguidores deve exceder a dos fariseus para entrarem no reino dos céus. Ele critica a hipocrisia dos fariseus, que se preocupavam com as aparências externas, mas não com a transformação interior.

Mateus 23:1-39
Essa passagem contém uma série de críticas diretas de Jesus aos fariseus e escribas, chamando-os de hipócritas. Ele usa expressões duras, como “sepulcros caiados”, para descrever sua prática religiosa vazia, voltada apenas para exibição pública.

Lucas 18:9-14
A Parábola do Fariseu e o Publicano ilustra o erro dos fariseus ao confiar na própria justiça, enquanto o publicano é exaltado por sua humildade e arrependimento. Essa história demonstra o problema da arrogância espiritual dos fariseus.

João 3:1-21
Aqui, encontramos Nicodemos, um fariseu que procura Jesus à noite para aprender mais sobre seus ensinamentos. Esta passagem revela que nem todos os fariseus eram opositores de Jesus, sendo Nicodemos um exemplo de quem buscava a verdade.

Mateus 15:14
Nesta passagem, Jesus compara os fariseus a guias cegos que levam outros cegos à destruição. Ele critica sua falta de discernimento espiritual e sua insistência em tradições humanas em vez dos mandamentos de Deus.

Marcos 3:6
Este versículo destaca a oposição dos fariseus ao ministério de Jesus, chegando ao ponto de conspirar com os herodianos para destruí-lo. É um exemplo claro de como eles viam Jesus como uma ameaça à sua autoridade religiosa.

Atos 23:6
Neste trecho, Paulo de Tarso se identifica como fariseu e utiliza isso em sua defesa durante um julgamento. Ele destaca sua crença na ressurreição, uma doutrina central para os fariseus, o que causa divisão entre os seus acusadores.

Filipenses 3:5
Paulo reflete sobre sua vida antes de sua conversão, afirmando que era fariseu zeloso. Ele usa isso para contrastar sua antiga vida de justiça baseada na Lei com a nova vida em Cristo.

Perguntas e Respostas: Quem Eram os Fariseus na Bíblia?

1. Quem eram os fariseus no contexto bíblico?
Os fariseus eram um grupo religioso judaico conhecido por sua rígida observância da Lei e oposição a Jesus.

2. Qual era o significado da palavra “fariseu”?
O termo “fariseu” provavelmente deriva do hebraico e significa “separado”, referindo-se à sua separação dos costumes mundanos.

3. Quais eram os principais ensinamentos dos fariseus?
Eles defendiam a soberania de Deus, a imortalidade da alma, a ressurreição do corpo e a observância rigorosa das tradições orais e da Lei.

4. Por que os fariseus foram criticados por Jesus?
Jesus os criticou por sua hipocrisia, pois focavam na aparência externa de justiça, enquanto ignoravam a verdadeira transformação interior.

5. O que é a parábola do fariseu e do publicano?
É uma parábola de Jesus que contrasta a arrogância espiritual do fariseu com a humildade do publicano, exaltando este último.

6. Havia fariseus que respeitavam Jesus?
Sim, Nicodemos é um exemplo de fariseu que respeitava e buscava aprender com Jesus, como relatado no evangelho de João.

7. Como Paulo se relaciona com os fariseus?
Paulo de Tarso era um fariseu antes de sua conversão ao cristianismo, e ele reflete sobre isso em suas cartas.

8. Qual foi o impacto dos fariseus após a queda de Jerusalém?
Após a queda de Jerusalém, os fariseus se tornaram a principal expressão do judaísmo, sobrevivendo a outros grupos como os saduceus.

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