O que é o dízimo na Bíblia?

O dízimo é uma prática que percorre a narrativa bíblica desde o Antigo Testamento, servindo como um pilar fundamental na relação entre os fiéis e o sustento das obras religiosas. No entanto, com a transição para o Novo Testamento, muitos se perguntam sobre a relevância e a aplicabilidade do dízimo na vida dos cristãos contemporâneos. Este artigo busca explorar como o Novo Testamento aborda o dízimo e sua importância para os seguidores de Cristo hoje.

O que a Bíblia fala de dízimo no Novo Testamento?

O Novo Testamento, embora não enfatize o dízimo com a mesma frequência do Antigo, contém referências significativas que iluminam a continuidade dessa prática. Em contraste com a lei mosaica, que prescrevia o dízimo como uma obrigação, o Novo Testamento apresenta o dízimo sob uma nova luz, enfatizando a generosidade e o coração voluntário do doador mais do que o cumprimento de um mandamento. Esta mudança de perspectiva não diminui a importância do dízimo, mas a reenquadra como um ato de adoração e agradecimento a Deus pela sua provisão e bênçãos.

O Ensinamento de Jesus sobre o Dízimo

Jesus menciona o dízimo especificamente quando critica os fariseus por sua rigidez legalista, apontando que, embora fossem meticulosos em dar o dízimo até mesmo das menores ervas, negligenciavam os aspectos mais importantes da lei, como a justiça, a misericórdia e a fé (Mateus 23:23). Este ensinamento de Jesus destaca que, enquanto o dízimo continua a ser importante, ele não deve sobrepujar os princípios fundamentais de amor e compaixão que formam o cerne da mensagem cristã.

O que Paulo fala sobre o dízimo?

Paulo não discute o dízimo diretamente em suas epístolas, mas fala extensivamente sobre a generosidade e o compartilhar de recursos dentro da comunidade de fé. Em 2 Coríntios 9:6-7, Paulo encoraja os crentes a darem generosamente, não por obrigação, mas como um reflexo de seu coração generoso, indicando que Deus ama quem dá com alegria. Esta abordagem reflete a essência do ensinamento do Novo Testamento sobre o dízimo e as ofertas: não como uma lei rígida, mas como uma expressão de gratidão e compromisso com Deus e com a comunidade.

Onde está escrito que devemos dar o dízimo?

Embora o Novo Testamento não contenha um mandamento explícito sobre o dízimo como o Antigo Testamento, ele oferece princípios que sustentam a prática da generosidade e do compartilhamento de recursos. Versículos como Lucas 11:42 e Hebreus 7:8 são frequentemente citados para discutir o dízimo no contexto do Novo Testamento. Lucas 11:42 critica a prática de dar o dízimo sem a compaixão correspondente, enquanto Hebreus 7:8 menciona o recebimento de dízimos por aqueles que são testemunhas do vivente. Estes versículos indicam uma continuidade da prática do dízimo, mas com uma ênfase renovada na intenção e no coração por trás do ato.

É obrigatório dar o dízimo no Novo Testamento?

A questão da obrigatoriedade do dízimo no Novo Testamento é complexa e sujeita a interpretações. Ao contrário da Lei Mosaica, que especificava o dízimo como um requisito, o Novo Testamento foca mais na generosidade voluntária do coração. Passagens como 2 Coríntios 9:7, que incentiva cada um a dar conforme decide em seu coração, não por obrigação, sugerem que a ênfase está na doação generosa e alegre, não numa regra rígida de dez por cento.

É obrigado a dar o dízimo na igreja?

As expectativas em torno do dízimo podem variar significativamente entre diferentes denominações e igrejas contemporâneas. Enquanto algumas igrejas ensinam que o dízimo é uma prática bíblica obrigatória para seus membros, outras enfatizam uma abordagem mais voluntária, focando na generosidade do coração. O Novo Testamento oferece mais suporte a esta última abordagem, incentivando os fiéis a contribuírem para as necessidades da comunidade de fé de maneira generosa e voluntária, refletindo o princípio do amor cristão mais do que o cumprimento de uma obrigação específica.

É pecado não dar o dízimo?

Esta é uma das questões mais delicadas relacionadas ao dízimo no contexto cristão moderno. Muitas interpretações teológicas argumentam que, no Novo Testamento, a ênfase é colocada na generosidade voluntária e no amor, em vez de na observância estrita de regras específicas. Portanto, a falha em dar o dízimo, segundo essa visão, não seria considerada pecado no sentido tradicional. Em vez disso, o foco está em cultivar um coração generoso e em buscar maneiras de apoiar a comunidade de fé e os necessitados, de acordo com as próprias capacidades e convicções.

Ao longo deste artigo, exploramos a multifacetada questão do dízimo dentro do contexto do Novo Testamento, destacando como essa prática evoluiu da Lei Mosaica para os princípios de generosidade e amor que Jesus e os apóstolos ensinaram. Vimos que, embora o dízimo como uma obrigação estrita de dez por cento não seja explicitamente mandatado no Novo Testamento, a essência do dízimo – dar generosamente e com um coração voluntário – é fortemente encorajada como parte da vida cristã.

Esta exploração nos leva a compreender que a prática do dízimo e da doação financeira na igreja primitiva estava mais alinhada com os valores do Reino de Deus, como amor, generosidade e cuidado para com os outros, do que com o cumprimento de uma obrigação legalista. Essa perspectiva desafia os cristãos contemporâneos a refletir sobre suas motivações para dar e incentiva a prática da generosidade de maneiras que refletem a fé e o amor por Deus e pelo próximo.

Em última análise, o dízimo e a generosidade financeira no contexto do Novo Testamento nos convidam a participar da obra de Deus no mundo de uma maneira que fortalece a comunidade de fé, apoia os necessitados e espalha o Evangelho. É um convite para viver de maneira sacrificial, seguindo o exemplo de Cristo, que deu tudo de si por amor a nós.

Referências Bíblicas

Aqui está uma compilação dos versículos e passagens bíblicas mencionados ao longo deste post, fornecendo uma base sólida para um estudo mais aprofundado sobre o tema do dízimo e da generosidade no Novo Testamento:

– Lucas 11:42 – “Mas ai de vós, fariseus! Porque dais o dízimo da hortelã, e da arruda, e de toda a hortaliça, e desprezais o juízo e o amor de Deus. Convém fazer estas coisas, e não deixar as outras.”

– Hebreus 7:8 – “E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive.”

– 2 Coríntios 9:6-7 – “E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.”

Este artigo não pretende esgotar a discussão sobre o dízimo e a generosidade no Novo Testamento, mas esperamos que sirva como um ponto de partida para uma reflexão mais profunda sobre como viver uma vida de fé autêntica e generosa no mundo moderno.